O futuro do dinheiro - resenha crítica

O medo de investir 

Essa não é uma tarefa fácil, especialmente no Brasil, onde não temos uma educação financeira forte nos tempos da escola. Nosso acesso ao ensino sobre investimentos só aparece na época da faculdade. Além disso, papos sobre dinheiro e aplicações não são comuns, parecendo até um tabu em grupos de amigos ou familiares. 

Para piorar, a maioria das pessoas que investe acaba deixando seu dinheiro em aplicações ruins. Dados de 2018 indicavam que 56% da população não tinha nenhum investimento e só um terço dos brasileiros conseguia poupar. Desses, 90% ainda usava a velha poupança, produto que rende menos até que a inflação. 

Pouco importa qual seu ganho mensal. Com organização, você pode investir e se tornar protagonista da própria vida. Muito mais do que um discurso motivacional de influencers ou YouTubers do mundo financeiro, essa é a pura realidade. Quem fala em investir como uma exclusividade para quem tem muito dinheiro está completamente equivocado. 

É preciso tirar esse medo de investir, começando a guardar pequenas quantias. Vá passo a passo, aos poucos. Não gaste mais do que você tem, estude sobre as várias possibilidades do mundo financeiro e veja o resultado de uma vida voltada à prosperidade e à realização de sonhos. 

Investir exige coragem, disciplina e esforço, com seu dinheiro trabalhando em favor de seu futuro. 

Criptomoedas e o sistema alternativo descentralizado

Você já ouviu falar em blockchain? Essa é uma estrutura composta de bancos de dados diferentes dos tradicionais, dentro de um ambiente virtual e global, responsável por armazenar informações de forma segura. E existem vários tipos, com características variando de acordo com a aplicação. 

No mundo virtual, o armazenamento de dados é comum, mas enquanto nos mais convencionais isso é feito de forma centralizada, no blockchain esse registro segue uma ordem cronológica em diversos servidores de maneira distribuída. Isso faz toda a diferença na revolução financeira pela qual estamos passando. 

Afinal, as criptomoedas são criadas em redes blockchain por meio de critptografia avançada, de forma descentralizada. Essas moedas digitais só podem ser trocadas por meio da internet, sem um governo ou órgão responsável pelo controle, intermediação ou autorização de emissão, transferências, compras e vendas. Tudo isso é feito pelos próprios usuários.

Se você já ouviu falar nos bitcoins, por exemplo, vale ressaltar que esse é só mais um exemplo de criptomoeda existente. Essa forma de operar a economia leva mais empoderamento para os indivíduos, embora gere apreensão nas autoridades, já que não possuem nenhum controle sobre as transações. É uma liberdade nunca antes vista nas operações envolvendo dinheiro. 

Esse sistema já movimenta bilhões por todo o mundo. É uma realidade presente, que pode transformar ainda mais nossa forma de lidar com o dinheiro no futuro. 

Não dá para ficar fora do mercado financeiro

Se você quer comprar alimentos e produtos de limpeza, vai até um supermercado. Para adquirir remédios, precisa se encaminhar até uma farmácia. As roupas novas nos esperam no shopping ou nas lojas especializadas. E as bolsas de valores? 

Entendê-las é mais fácil do que a maioria imagina. Esse é o local onde compramos ações e nos tornamos sócios de uma empresa, que chegou lá para abrir o capital a investidores e assim captar recursos, financiando suas operações. 

E as ações funcionam como outros produtos na economia. Quanto maior o interesse, mais compradores e o preço aumenta. Se houver poucos interessados, seu valor cai. A lei de oferta e procura também funciona para o mercado de ações, em que cada uma delas representa uma fatia, um percentual a que você tem direito de uma empresa. 

E as bolsas de valores estão muito mais próximas ao nosso dia a dia do que imaginamos. Afinal, em seu cotidiano você usa aparelhos cujas corporações estão lá, negociando suas ações no sistema financeiro. Dos aparelhos eletrônicos aos veículos, passando pelas grandes varejistas em que compramos nossos móveis, todas essas empresas têm capital aberto. 

Por isso, conectar-se com a economia do futuro exige de nós estarmos atentos ao sobe e desce das ações. Se em vez de só consumir dessas empresas, você puder ser sócio delas, melhor para sua vida e autonomia financeira. Cada vez mais gente está perdendo o medo de experimentar o mercado de ações. Esse movimento é irreversível e democratiza a economia mundial. 

Fugindo das pirâmides

Passamos da metade deste microbook e chegou a vez de falar de um golpe clássico, com mais de 100 anos de existência. Na década de 1920, um italiano morador dos Estados Unidos garantia que em pouco tempo era possível obter lucros estrondosos com sua novidade. 

Segundo Carlo Ponzi, o retorno de 50% em noventa dias era a prova de um negócio  imperdível. Cerca de 30 mil investidores tiveram um prejuízo de 9,6 milhões de dólares à época. No esquema, bastava investir uma quantia com a promessa de uma rentabilidade surreal e quase instantânea. 

Na verdade, esse valor era usado para pagar os investidores mais antigos da pirâmide. Nesse tipo de operação não há lucro real, apenas o retorno em meio à entrada de novos participantes. Se a pirâmide cresce, o negócio continua, mas quando diminui a entrada de novos investidores, tudo cai por terra. 

E no Brasil do século 21, não são poucos os esquemas como esse envolvendo moedas virtuais, com empresas prometendo ganhos de até 50% do capital investido. A tendência é que esse tipo de operação perca a lucratividade com o passar do tempo, mas é fundamental se atentar para não ser mais uma vítima. 

Sempre que você ouvir a argumentação aparentemente técnica sobre a  necessidade de trazer mais gente para um investimento de lucros exorbitantes, dê um passo atrás, pare, pense e não caia nessa. 

Consistência e planejamento financeiro

A chave para o sucesso em sua vida financeira é conseguir juntar planejamento e consistência. Isso não acontece de uma hora para outra, até porque não temos o hábito da educação financeira desde os primeiros anos de vida. 

Mas nada está perdido e você pode começar hoje mesmo. Por mais que se evite falar em dinheiro, o fato é que, com mais saúde nas finanças, mais tranquila será sua vida.

Com paciência e determinação, sem pressa, siga esses passos para uma mudança completa em suas finanças: 

• Não tenha preguiça ao realizar um plano financeiro detalhado. 
• Anote todos seus gastos durante três meses para identificar um padrão de consumo. 
• Crie seu orçamento doméstico com tetos de gastos para cada categoria. 
• Busque eliminar dívidas, começando pelas mais baratas e renegociando para conseguir menores taxas. 
• Consuma de forma consciente, compare preços e evite criar dívidas novas ou caras sem necessidade.
• Venda objetos velhos sem utilidade. 
• Tome cuidado com o cartão de crédito. 
• Tente investir 20% de seus rendimentos, como se fosse um gasto mensal fixo. 
• Estude aplicações financeiras detalhadamente. 
• Busque uma atividade de renda extra. 
• Gaste menos, ganhe mais, invista melhor. 
• Crie uma rotina de manutenção da carteira de investimentos. 
• Nunca terceirize a gestão de sua vida financeira. 

Dinheiro é a última fronteira da globalização

Mesmo as empresas mais novas sabem a necessidade de repensar o próprio negócio e acompanhar as revoluções tecnológicas no mundo para não ficarem no meio do caminho. 

Desde os anos de 1990, a informatização foi gradualmente deixando o mundo inteiro hiperconectado até o estágio atual. Quando os mais velhos falam sobre um tempo em que a chegada de uma correspondência poderia demorar dias ou até semanas, os jovens podem ficar surpresos em como tudo mudou tão rapidamente. Afinal, basta um clique para uma mensagem cruzar o oceano.

A última fronteira da globalização é o dinheiro. Se ainda hoje os governos locais instituem uma moeda única para seu território, sendo regulada de acordo com os planos monetário e econômico do país, as criptomoedas rompem mais esse paradigma. 

O futuro do dinheiro envolve sua descentralização, com mais empoderamento de cada indivíduo, com moedas comuns não de acordo com o país, mas de acordo com o bloco virtual financeiro. 

Circular dinheiro pelo mundo será mais simples e corriqueiro, tão fácil como enviar uma mensagem de texto pelo celular, com as criptomoedas gerenciadas por associações independentes. 

Para quem ainda duvida de mais uma revolução na economia, lembre-se de que, até há alguns anos, realizar transações dando uns poucos toques na tela de um smartphone era coisa de ficção científica. 

No futuro, o dinheiro pode ser bem diferente do que conhecemos hoje. 

Notas finais 

Para muita gente, falar em dinheiro ainda é um tabu. Há quem sinta vergonha em expor seu salário e também existem as pessoas que enxergam investimentos como um assunto de outro mundo, distante e inacessível. Nada mais equivocado. Nesta obra, ficou claro como esse assunto precisa ser debatido da forma mais didática possível. Assim, evita-se que mais gente se enrole no orçamento doméstico ou mesmo caia em golpes, como as tão faladas pirâmides. E se você não deseja ficar para trás, a compreensão do futuro do dinheiro, cada vez mais descentralizado e autônomo em cada indivíduo, é a maior lição sobre como estamos vivendo mais uma de tantas revoluções em tempos tão tecnológicos. 

Dica do 12min

No 12 min, você também encontra o microbook FinTech: Desafios da tecnologia financeira, que trata das transformações tecnológicas no mercado financeiro.